sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Nelson Coelho de Castro



NELSON COLEHO DE CASTRO


Outro freqüentar assíduo da esquina, Nelson Coelho de Castro, músico gaúcho que podemos chamar de porto-alegrense de fé, jornalista por formação, foi um dos produtores do Programa Portovisão na antiga Televisão Difusora, programa inovador que alcançava o primeiro lugar no IBOPE no horário do meio dia na televisão do Rio Grande do Sul, neste mesmo programa, trabalharam, Clóvis Duarte, Fogaça, etc, foi uma espécie de lançamento de várias pessoas na TV local, um escola, mesmo já com sucesso como produtor, abandonou a carreira de jornalista para se dedicar inteiramente a música, enfrentando todas as dificuldades da época para viver somente da carreira de músico.
Em 1974 no festival do colégio Parobé ganha o Prêmio comunicação, vários prêmios no Musipuc, importante festival, que a rádio Continental AM, sempre ligada ao movimento cultural de Porto Alegre, transmitia ao vivo.
Faz sua estréia nas famosas Roda de Som de Carlinhos Hartlieb em 1975, mais tarde termina a faculdade de jornalismo e em 1977 faz seu primeiro espetáculo E o crocodilo chorou com sua banda Olho da Rua.
Participa do primeiro disco de música popular de Porto Alegre no de 1978 o antológico Paralelo 30, faz sucesso com a música Rasa Calamidade, que faz um retrato da Vila Cruzeiro do Sul, sua miséria e sua luta.
Sempre inovando, lança o primeiro disco independente do Rio Grande do Sul, o dinheiro para este projeto é arrecadado com a venda de bônus, que era a venda do disco antecipada, a estes compradores Nelson os chamou de cooprodutores e tiveram seus nomes na contracapa do disco, a relação termina como não poderia deixar de ser, pelo menos em se tratando de Nelson Coelho de Castro, com cidade de Porto Alegre, somente este disco mereceria um estudo isolado pela importância do fato, sobre este disco ele declarou “fiz o primeiro disco independente gaúcho em 1981, era isso ou ir embora, e eu quis fazer aqui mesmo. Fico orgulhoso pelo que aconteceu – não por Ter feito o primeiro, mas por ter demonstrado aos demais artistas que este caminho era possível. Um incentivo para eles fizessem os seus. E foi o muitos passaram a fazer” (do livro Gauleses irredutíveis).
As músicas Armadilha e Zé – aquele tempo do Julinho fizeram bastante sucesso, esta última, segundo Mauro Borba, tornou-se um espécie de hino da rapaziada que estudou no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, “Aquele tampo do Julinho, eu jamais vou esquecer, eu pensei que era um filme, eu jamais irei me ver...”
Já armadilha, criada juntamente com Dedé Ribeiro, fez parte da trilha do filme Verdes Anos, rodado totalmente em Porto Alegre e grande sucesso local, “ Falta pouco tempo eu sei, mas quando a gente é pequeno, o tempo custa pra passar, também a gente pode crescer,...
Sobre este disco Nelson escreveu no encarte:
“ daí tudo ficou como antes – e pior e um dia, di manhã, eu conto... ficamos assim olhando tudo e espelhos e não tem nada – vamos fazer um lance pois era uma idéia e uma vontade boa, para isso Santana, Plauto, Zézinho e mais os que já estavam perto – Antonio e Suzana, Oscar, Paulinho, Júnior e Paulino. A gente foi aqui para casa, ensaiamos algumas coisas, conversamos e tomamos cervejas no Gabriel. O Gelson e o André pintaram pelas mãos do Zézinho. O Martins encontro na Getulio, outra pessoa, que pinta como o galo que canta, é o Valdir, era quase inverno, como agora quase não é mais, doutra vez o Plauto chegou com uma folha e escreve os arranjos para flauta. Aí ele faz mais e depois mais...até a gente não conseguir segurar o que ele fazia “tá bom neguinho!” e também a emoção de escutá-lo assim tão próximo. Assim fomos para o estúdio, gravar músicas, talvez, outras, outras, talvez. Aqui no Cristal vê-se o rio e o mundo, duas coisas diferentes – até mesmo quando se chora di paixão – e não estou di nada quando chove e sonhamos e estou. Quando era noite fria o Oscar nos deixou conhaque, o Mitchell queria bolinos e o Marquinhos disse que não estava cansado. Quando gravamos Zé, tempo do Julinho, foi outra emoção, cantamos dí mão dadas, sempre pensei no disco como uma coisa mágica, o girar do prato daquele mistério negro, o selo azul, verdi, cor di vinho e o encanto dos cantores e cantoras ali dentro do disco, para sempre e para sempre ali dentro, que coisa mais maluca, eu não tinha 4 anos, tinha cinco e eu não me lembro, eu só recordo, pois tem aquela coisa di que lembrança é uma coisa e recordação é outra e eu tenho mesmo é recordação, mas tri pertinho di agora, quando é hoje, o desejo deste prazer é o mesmo, tão igual e absoluto.
Quando foi outro dia, depois do depois di muito tempo, história do Brasil, e do que não sei mais, mixamos. O Santana resmungou que era aquilo mesmo e eu acreditei em tudo, daí, pinta outro lance o dos bônus, eu quase duvidava, mas a Lica sempre assoprava um louco “vai dá sim” ao meu sexto desespero, que virava nada.
Agora, no solitário agora, não sei se falo que foi tudo bonito e tínhamos poucas horas di estúdio... assim está e nada verá di graça nesta manhã, pois tudo isto durou um ano e vocês vão acreditar, né?
Ao disco, um nome, Antonio falou que Juntos fechava todas, então juntos, nesse Juntos um beijo a todos que levaram fé di uma maneira ou de outras
Acho que deu, e assim estou e estamos, Juntos.
Nelson Porto Alegre, setembro de 1981.”

Já corria o ano de 1983 em que também venceu o primeiro Festival Latino Americano da Canção, também recebe o prêmio Tibicuera com o musical infantil Cidade do Lugar Nunhum e estoura nas rádios o sucesso Vim Vadiá.

É, negadinha, é a verdadeira história de Porto Alegre.
Mas antes do primeiro LP independente do Rio Grande do Sul, Nelson tinha seu lançado seu primeiro disco, em 1979, o compacto Faz a Cabeça, com a música de mesmo nome, trazendo referências ao retorno de Brizola do exílio,
“ Faz, faz a cabeça, faz com cachaça, faz a razão Mas toma cuidado
Com a folia da situação Faz, faz a cabeça, com qualquer coisa- o coração
Mas toma cuidado, Com a folia da situação
Se foi por causa de nós que este bandido fugiu Nós sai dando atrás dele
Faz ele voltar pro Brasil História que ele vai vim, Vai tremer cem os boneco daqui
Nós não somo pelego e nem cheremo a jasmim(vê só o fedor se diz que faz...)
Não, não custa mentir Dizer que vai tudo feliz Nós tem vergonha na cara
Nós beija na cicatriz Não, não vai ter lero Se o cara vim pro comi e dormi
Se vim prometer ração, nós vai dar ferrão Vai fazer cumprir história que ele vai vir, vai tremer com os bonecos daqui”
na época da Anistia, muitos brasileiros voltaram aos pagos.
Nelson, conforme ele diz vestiu a camiseta de Porto Alegre e em suas letras canta sistematicamente os bairros da cidade, exemplo disso está nas músicas Cristal e Sertório, entre outras. Foi um dos maiores batalhadores da Cooperativa dos músicos de Porto Alegre.
Nunca admitiu se mudar de Porto Alegre, mesmo sofrendo o ônus de não ter ido para São ou Rio e esta atitude ter significado falta de sucesso ou não ter dado certo. Vários prêmios em sua carreira, Açorianos de melhor música infantil em 83, melhor trilha para teatro em 1985, melhor compositor, melhor disco de MPB e melhor disco do ano de 1997, CD Verniz da Madrugada, melhor espetáculo do ano e disco do ano com “Juntos ao Vivo” juntamente com Totonho Villeroy, Bebeto Alves e Gelson Oliveira, também foi vencedor do primeiro Musicanto e na décima edição esta mesma música, No Sangue da Terra Nada Guarani, foi escolhida por voto popular e melhor canção de todas as edições.
Recebeu a medalha de Porto Alegre na 42ª edição da semana de Porto Alegre, foi também membro titular do Conselho Estadual de Cultura.


DISCOGRAFIA: (até o lançamento desse livro)

• Paralelo 30 (ISAEC, 1978)
• Faz A Cabeça (single) (ISAEC, 1979)
• Juntos (Independente, 1981)
• Nelson Coelho de Castro (RGE, 1983)
• Força D'Água (ARIOLA, 1985)
• Veniz da Madrugada (Independente, 1996)
• Juntos Ao Vivo, com Bebeto Alves, Gelson Oliveira e Totonho Villeroy (RBS Discos, 1998)
• Coletânea (Barulinho, 2000)
• Paralelo 30 – Ontem e Hoje (Unisinos, 2001)
• Da Pessoa (Independente, 2001)
• Cartografia Musical Brasileira (vários artistas)(Itaú Cultural, 2001)
• Juntos 2 – Povoado das Águas (Atração Fonográfica, 2002).


Nelson Coelho de Castro tem um público cativo, e isto é um resumo de um dos maiores autores e músico desta cidade, este brilhante artista pode e deve ser considerado tranqüilamente o Artista da Cidade.

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