sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Carlinhos Hartlieb
Carlinhos Hartlieb
Também freqüentador da esquina Carlinhos foi sem dúvida o responsável pela grande transformação, ou melhor, o inicio da Música Urbana do Rio Grande do Sul, também conhecida como MPG, passou pelas mãos de Carlinhos Hartlib. Este músico, provavelmente, tenha sido o responsável por vários talentos e sucessos que surgiram no cenário musical gaúcho e, sobretudo, de Porto Alegre.
Conhecido como aglutinador, nasceu em 28 de março de 1947, em Porto Alegre. Carlinhos Hartlieb iniciou na música em 1963, quando tocava contra-baixo acústico, inspirado pela bossa nova, nessa época tinha por volta de 16 anos. Também tocou piano, porém foi o violão e o rock que mudaram sua vida. Em 1969 os festivais de canções estouravam por todos os lados, num deles o II festival de MPB da Arquitetura, Carlinhos defende como compositor e interprete a música ”por favor sucesso” junto com o lendário grupo do IAPI Liverpool, a canção foi a vencedora e como prêmio teve o privilégio de participar do consagrado Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, promovido pela Rede Globo. Este festival ficou marcado pela grande vaia de “É proibido Proibir” de Caetano Veloso.
Carlinhos sempre concentrou sua atenção e preocupação mais para a música dos outros, do que para a sua. Foi, porém, sem dúvidas, um dos maiores compositores que esta cidade já teve.
Em 1975 cria as Rodas de Som, todas as sextas-feiras, à meia-noite no Teatro de Arena, no viaduto da Borges, era o início da organização musical de Porto Alegre, foi sucesso absoluto, mesmo no horário nada convencional, e ainda, a quebra de tabu dos músicos locais dessa época de serem considerados amadores. Estas rodas de som presenciaram muitas estréias, entre elas, a de Nelson Coelho de Castro e Bebeto Alves. Carlinhos tocou com o Som Quatro, juntamente com Hermes Aquino.
Em !968, foi para São Paulo, entrou para o Curso de Comunicação da USP e em seguida dedicou seu trabalho ao famoso TUCA – Teatro Universitário Católico. Já, em 1971, ainda, em São Paulo, no Teatro de Oficina, compôs a trilha sonora da peça As Três Irmas, de Tchecov.
Em 1981 assumiu a coordenação da Discoteca Pública Natho Henn, na qual depositou a sua garra, popularizando a discoteca.
Carlinhos fez parte do primeiro LP de música popular gaúcha, o antológico Paralelo 30, com duas canções. Trabalhou, ainda, com folclore, criando espetáculos como boitatá, a Serpente de Luz, etc.
Em 1983 se dedicou à criação de um disco somente seu, deixou-o pronto. Em 1984, porém, foi encontrado morto na Praia do Rosa, em sua casa. O disco acabou sendo lançado, apenas, cinco anos após sua morte e foi batizado de Risco do Céu.
Na contra-capa do LP Juarez Fonseca escreve, “ Exatamente cinco anos se passaram entre o final das gravações deste disco, em novembro de 1983, e o seu lançamento agora, maio de 88. Mais que um sonho de Carlinhos Hartlieb, Risco do Céu representa o encerramento de um importante ciclo da música gaúcha. Carlinhos foi precursor e líder da geração que hoje projeta para o Brasil a música feita no Rio Grande do Sul a partir de meados dos anos 70. Ele soube estabelecer parâmetros de união entre a música brasileira e a música regional gaúcha. Seu trabalho, de forte essência lírica, resume uma equilibrada mistura de bossa-nova, rock e folclore sulista. O lançamento de Risco no Céu fecha um ciclo, porque faltava este pedaço, este detalhe, para que a música gaúcha se liberasse do passado. Risco no Céu tornou-se um símbolo, embora isso nada tenha a ver com o disco em si: ele está sendo ouvido hoje como uma emoção diferente, mas sem defasagem porque é superatual. É através dele Carlinhos Hartlieb sublinha sua passagem, bruscamente interrompida na rústica casa em que construi na Praia do Rosa, S.C; onde seu corpo foi encontrado no dia 03 de fevereiro de 1984. As circunstâncias da morte permanecem mal explicadas. Carlinhos tinha 37 anos quando tornou-se esse risco no céu, visível a olho nú.” Juarez Fonseca.
Todas as música são de Carlinhos Hartlieb, exceto “Nós que ficamos sós” de Carlinhos Hartlieb e Bebeco Garcia e “Linda” de Carlinhos Hartlieb e Hermes Aquino.
O disco foi produzido por Carlinhos Hartlieb, gravado em Porto Alegre entre março e novembro de 1985.
Em 2001 recebeu como homenagem póstuma o Prêmio Açorianos em Destaque Especial pelo conjunto da obra.
Com certeza, Carlinhos Hartlieb fez sua parte para consolidar a Música Popular Gaúcha.
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