domingo, 17 de outubro de 2010

Oddone Greco


Circuito do Parque Farroupilha, 1953, Oddone Greco tirou último lugar na prova.



Entre os vários personagens da cidade o com maior senso de humor com certeza foi Greco, grande gozador, brincalhão e espirituoso que agitava a Rua da Praia nos bons tempos, aqueles em que ainda existia disposição para se pregar peças e trotes, hoje não se brinca mais nem no primeiro de abril, em fim, mas isto é outro assunto, Greco tinha um vasto circulo de amigos, provavelmente devido a sua simpatia.

Suas peças se passaram por volta dos anos 40, tantas foram e algumas entraram para o folclore de Porto Alegre, especialmente quando “roubou” um bonde da Companhia Carris, para dar uma voltinha, para desespero do motorneiro e cobrador que tomavam café tranqüilamente no fim da linha, ou nas madrugadas de sábados na garagem da Carris na João Pessoa, ficava horas esperando a oportunidade, uma distração de algum motorneiro e pronto, saia ele e o bonde pela Sarmento Leite, para abandonar após e sair em disparada pelas ruas para o delírio de seus amigos.

Foram tantas que não dá para relatar neste espaço, mas no Melhor do Anedotário da Rua da Praia, de Renato Maciel de Sá Jr, outro grande personagem de Porto Alegre, está recheado das peças de Oddone Greco, vale a pena ler.

Era de família abastada, de origem italiana, tinham grandes propriedades na cidade assim como alguns cinemas, morava num grande palacete na Avenida Independência, quase nunca trabalhou, vivendo de mesada ou colocando no prego ou vendendo um e outro bem da família ou mesmo presente, uma da vezes que ficou noivo ganhou um belo relógio de ouro de sua amada, no outro dia, empenhou na Caixa Econômica Federal, para espanto geral, vendeu o motor de um possante Fiat de seu pai, S. Januário, o carro ficara parado na Garagem devido a escassez de gasolina oriunda da Guerra, passado algum tempo o pai chamou um mecânico para examinar a preciosidade, estava em boas condições, somente com a falta do motor. Entre suas vendas podemos destacar uma arma de seu pai, que lhe entregou em uma discussão, uma cama de casal da residência em Torres, quando veraneava sozinho. Já nos meses de junho e julho seus familiares iam passar o inverno no Rio de Janeiro, aí ficaram famosas as festas na mansão na Independência e era nessa época, que com os elevados gastos, que entrava em cena seu lado comerciante. Numa destas ocasiões escreveu para seus pais pedindo mais dinheiro, como houve resistência, ameaçou vender o piano da residência, obviamente foi atendido. Tocava bem piano e praticamente não bebia, seu vicio era o jogo.

Passava inúmeros trotes no Tucha, famoso cabeleireiro ou barbeiro no Royal Salon, localizado no Largo dos Medeiros, quando ouvia nas Rádios ou lia nos jornais a perda de algum animal, ligava para o dono informando a localização, naturalmente foi o S. Tucha que o encontrou, antes de desligar o telefone, recomendava, insista pois ele gostou tanto o animalzinho que o levou para casa, mas ele é um homem bom e vai devolver, Tucha entrava em desespero.

Por fim, também ficou famosa, aquele que, quando um amigo estudante de Medicina, rejeitou um convite para festa em virtude de ter conseguido finalmente um cadáver para estudo de anatomia, e a disponibilidade na Santa Casa era no Sábado à noite, já na madrugada, tal amigo absorto em seus estudos, quando de um canto, com pouca luz se levanta um “cadáver” totalmente despido e vagarosamente começou e se vestir, o tal estudante evidentemente que perdeu a oportunidade dos estudos, pois fugiu apavorado, sem contudo mais tarde procurar desesperadamente por Oddone Greco para se vingar da oportunidade perdida.

Foram tantas, porém morreu cedo, de infarto em 1959, ainda solteiro, quando as rádios chamavam seus familiares que estavam nas Praias, ninguém acreditou, principalmente seus amigos, que pensaram tratar-se de mais um trote de Greco.

Porém sua simpatia e brincadeiras, sua vocação para o cômico, e a aversão a tristeza, fizeram ser um dos personagens mais famosos e folclóricos da Porto Alegre antiga, este foi Oddone Nicolino Greco.

7 comentários:

  1. Grande Paulo, parabéns pela retomada do Blog. Sei que será um sucesso de acessos. Vamos divulgar para nossos amigos. Conta comigo. Abs

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  2. Oddone Greco foi um grande pândego. Adorava passar trotes. Morava nos altos da avenida Independência e sua casa era enorme, promovia grandes torneios de carteados (o jogo era proibido na época) em sua casa.

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  3. Marcos Oliveira da Silva27 de janeiro de 2012 às 23:21

    Conheci o Oddone, pessoa muito carismática, raciocínio rápido quando ele ia na padaria era como se tivesse 10 pessoas pois ele era muito extrovertido. Senti muito a morte .... Porto Alegre nunca mais foi a mesma...

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    1. Puxa Marcos, vc conheceu o Oddone? meu ídolo, li e reli mil vezes os anedotários...vontade de ter vivido essa época..

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  4. Que bacana, não conhecia essa pessoa, depois de uma indicação de um amigo procurei pela internet e cai aqui, muito legal. abraços.

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  5. Existe alguma foto de Odone? Tanto li sobre ele que sempre me deu curiosidade em ver a fisionomia do mesmo!

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    1. https://almanaquenilomoraes.blogspot.com.br/2014/04/oddone-greco.html?showComment=1492473197277#c7478048722772835308

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